O Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho – AHPAMV – tem seus antecedentes no Arquivo da Câmara Municipal de Porto Alegre, quando, em 1830, a Câmara solicita que os documentos do seu Arquivo sejam colocados em ordem e inventariados, além de mandar construir móvel adequado para sua guarda e, no ano de 1841, aprova a contratação de pessoa para escrituração desses documentos. Posteriormente, a preocupação com a conservação e guarda da documentação pública do município de Porto Alegre é demonstrada nos atos do poder executivo, representado pelo Intendente. O Ato nº 9, de 15 de junho de 1896, que regulamenta a Secretaria da Intendência, criada em 1892, dá ao Diretor, da Diretoria Central daquela Secretaria, a competência de “inspecionar o Arquivo da Intendência”; e aos chefes de secção, “remeter para o Arquivo os documentos que não forem necessários ao serviço corrente da secção”. Em seu artigo 33, aparece a figura do “archivista” ao qual competia “§ 1º - receber, emaçar e rotular todos os documentos que lhe forem entregues; § 2º - mandar encadernar os jornais, relatórios, mensagens, leis e mais papéis que o Diretor da Diretoria Central designar; § 3º - fornecer, mediante recibo em livro especial, os documentos que lhe forem pedidos pela Diretoria; § 4º - catalogar todos os livros e documentos pertencentes ao Arquivo; § 5º - passar, com autorização do Intendente, as certidões que houverem de ser extraídas de livros e documentos arquivados.”Em 1919, 23 anos depois, o Ato nº 149, de 15 de outubro, que “aprova o novo regulamento da Secretaria da Intendência”, possui as mesmas diretrizes relativas ao Arquivo, ao arquivista e, ao Diretor- Geral, competia, ainda, “providenciar sobre a guarda e conservação de todos os documentos que forem recolhidos ao Arquivo”, além de “dirigir e inspecionar os serviços do arquivo e portaria”. Com o Ato nº 249, de 17 de janeiro de 1925, é nomeado o arquivista da Intendência e, um mês depois, o intendente “dá nova organização aos serviços da Intendência Municipal”, através do Ato nº 284, no qual, são referenciados o arquivamento de documentos e o Arquivo, além de regulamentar substituições e vencimentos de funcionários, entre eles o “archivista”, então em número de dois: um na Diretoria do Expediente e outro na Procuradoria Municipal. É através do Decreto nº 145 de 27 de julho de 1928, que o Intendente “cria a Biblioteca e reorganiza o Arquivo Municipal”. Ficam evidenciadas, então, duas preocupações daquela administração, conforme termos do próprio documento: 1ª - “reunir e organizar a Biblioteca dispersa nos vários departamentos da Municipalidade, para facilidade de consulta”; 2ª - “os documentos, livros e demais papéis do Arquivo do Município requerem uma organização e catalogação sob novos moldes, no intuito de fornecer rápidas informações ao público”. Assim, instituiu o cargo de Diretor das duas unidades, sendo esse nomeado no dia seguinte, através do Ato nº 694. Cabe aqui destacar que, em 28 de janeiro de 1939, o então Prefeito, “considerando a necessidade de mais eficaz organização” no arquivo da Diretoria de Contabilidade e Despesa, com o Decreto nº 56, de 28 de janeiro de 1939, “extingue o cargo de auxiliar de escrita e cria o de auxiliar arquivista [... ]” Em dezembro desse mesmo ano, os serviços internos da Prefeitura são reorganizados pelo Decreto-Lei nº 10. A Diretoria de Arquivo e Biblioteca passa a integrar a Diretoria-Geral do Expediente e do Pessoal, sendo nomeado seu diretor, Walter Spalding, funcionário anteriormente investido do cargo de bibliotecário e que fica a sua frente por cerca de vinte anos. Em 1941, a Diretoria do Arquivo e Biblioteca, sediada então em ala da parte térrea do Hotel Majestic, é transferida por ter sido atingida pela enchente. Além disso, o local era considerado distante dos demais departamentos da Diretoria-Geral, conforme Relatório de 10 de outubro do mesmo ano.O Arquivo da Diretoria-Geral de Obras e Viação é incorporado ao Arquivo Geral da Diretoria, em fins de 1941, conforme especificado no relatório de 26 de março de 1944, acarretando grande aumento no volume de documentos e de serviços. Em “Estatística Da Administração Municipal - Ano de 1945”, na Separata do Boletim Municipal Nº 26 – 1947, dados relativos ao Arquivo Municipal e seu movimento no período de 1940-1945 são especificados no item ‘Aspecto Cultural’, juntamente com a Biblioteca Municipal, as praças de Educação Física e a Banda Municipal. A partir do dia 11 de junho de 1955, data da Lei nº 1.413, que “reorganiza os serviços da Prefeitura Municipal de Porto Alegre”, a Diretoria do Arquivo e Biblioteca é transformada em Serviço de Documentação, vinculada ao Departamento de Administração que compreende ainda a Secção de Comunicação e Arquivo. Ao Serviço de Documentação competia, conforme item 5, do art. 31, “manter e administrar uma biblioteca especializada a qual terá também sob sua guarda a documentação histórica do Município”, entre outras atribuições; e, à Secção de Comunicação e Arquivo, cabia, além de outras competências, “arquivar os processos, livros e outros documentos provindos dos demais órgãos da Prefeitura”. Dessa forma, documentos considerados de valor histórico seriam armazenados juntamente com a biblioteca especializada. Nessa época, a Diretoria do Arquivo e Biblioteca já havia sido novamente transferida, conforme relatórios, para local de condições bastante precárias para seu funcionamento. No final de 1955, a Lei nº 1.516 altera o nome dos departamentos para secretarias, e o Departamento de Administração passa a chamar-se Secretaria Municipal da Administração, à qual ficam vinculados a Seção de Comunicação e Arquivo e o Serviço de Documentação. Data de 10 de janeiro de 1961 o último relatório encontrado no acervo do Arquivo Histórico assinado por Walter Spalding. Foram cerca de vinte anos à frente do Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. E é nesse ano que é dado novo destino à documentação, encaminhada para local onde permanecerá até 1967. Em março de 1968, tem início um processo interno de transferência de documentos, livros, móveis e quadros (pinacoteca) do Serviço de Documentação da Secretaria Municipal da Administração, para a então Secretaria Municipal de Educação e Cultura, SMEC, sob nº 38.976/68. Esse processo aconteceu em várias etapas e, paulatinamente, o acervo documental tomava corpo. Dessa forma, ficou instituído, informalmente, o Setor de Divulgação Histórica na Divisão de Cultura da SMEC, responsável pela difusão da história de Porto Alegre e pela documentação transferida cuja disponibilização, naquela época, era restrita aos estudiosos. Esse setor sofreu mudanças de localização e de estruturação muitas vezes antes de ter sua oficialização no quadro administrativo e seu local definitivo e apropriado. A partir de 1972, é iniciado o trabalho de restauração de documentos e de classificação dos fundos documentais que viriam a formar o Arquivo Histórico. Conforme relatório interno, em 1973, “visando uma dinâmica mais racional”, o Setor de Divulgação Histórica fica responsável somente pela parte de difusão da história da Cidade, e cria-se, informalmente, o Arquivo Histórico de Porto Alegre, este encarregado do inventário, da classificação e da catalogação dos documentos. A Divulgação Histórica é, então, transferida de local. Em 1975, o Arquivo Histórico abre o seu primeiro Livro de Registro dos Consulentes e, no ano seguinte, acontece sua transferência para “sala maior onde pode instalar uma grande mesa de leitura e prateleira para a biblioteca de referência”, conforme relatórios administrativos.O lançamento de Primeiro Instrumento de Trabalho do Arquivo Histórico: Correspondência Passiva da Câmara de Vereadores, 1764 – 1846 e 1804 – 1879, coleção Cadernos SMEC, n. 2, acontece em junho de 1976. Outros se sucedem em 1977 e 1978. O Decreto nº 6.974, de 22 de setembro de 1979, institui os Anais do Arquivo Histórico de Porto Alegre. O Arquivo é novamente transferido de local, cuja inauguração acontece em 5 de maio de 1980, e, em 1981, lança sua quarta publicação: Catálogo Básico do Arquivo Histórico de Porto Alegre. A criação oficial do Arquivo Histórico acontece somente em 1988, com a Lei nº 6.099, de 03 de março, que desvincula a Cultura da SMEC, instituindo a Secretaria Municipal da Cultura. E é no organograma da recém criada Secretaria, que o Arquivo Histórico da Cidade de Porto Alegre aparece como equipamento vinculado à Coordenação da Memória Cultural. A sua regulamentação, no entanto, ainda não aconteceu. Em 1989, a Lei nº 6.387, “dá o nome de Moysés Vellinho ao Arquivo Histórico de Porto Alegre.” Quatorze anos se passam até que o Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho possa, finalmente, se instalar em local adequado e definitivo. Em 1994, inaugura suas novas instalações, onde hoje se encontra, na Avenida Bento Gonçalves, nºs 1129 e 1149, cumprindo sua missão de recolhimento, guarda, conservação e disponibilização dos documentos considerados de valor histórico para o município de Porto Alegre.
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